Nos últimos anos, tem crescido o interesse no potencial da cannabis no tratamento da ansiedade e outras condições de saúde mental. Ela tem sido usada há séculos para fins medicinais e recreativos.
Vários estudos científicos analisaram os efeitos da cannabis na ansiedade, com resultados mistos. A maioria deles descobriu que a cannabis pode ajudar a reduzir a ansiedade na maior parte dos indivíduos, enquanto alguns (poucos) deles descobriram que pode realmente aumentar a ansiedade e piorar os sintomas, principalmente se administrado em altas doses.
Um estudo publicado na revista Psychopharmacology em 2014, descobriu que a maconha pode realmente aumentar a ansiedade em alguns indivíduos, principalmente aqueles com histórico de ansiedade ou outras condições de saúde mental. Nesse artigo, vamos nos aprofundar nas informações que você precisa saber sobre o tratamento e a relação da cannabis com a ansiedade.
Como a cannabis afeta a ansiedade?
A cannabis afeta a ansiedade interagindo com o sistema endocanabinóide, que é uma rede de receptores e substâncias químicas no cérebro que regula várias funções, incluindo humor e emoções. Quando a cannabis é consumida, os compostos ativos da planta, conhecidos como canabinóides, se ligam a esses receptores e alteram sua atividade.
Um dos principais canabinóides da cannabis é o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), responsável pelos efeitos psicoativos da planta. O THC ativa o sistema endocanabinóide de uma forma que pode produzir sensações de relaxamento e ansiedade, dependendo do indivíduo e da dose.
Outro canabinóide encontrado na cannabis é o canabidiol (CBD), que não produz efeitos psicoativos como o THC. Em vez disso, o CBD demonstrou ter efeitos ansiolíticos, o que significa que pode reduzir a ansiedade. De fato, alguns estudos descobriram que o CBD pode ser eficaz na redução da ansiedade em indivíduos com transtorno de ansiedade social e transtorno de ansiedade generalizada.
É importante observar que os efeitos da cannabis na ansiedade podem variar muito de pessoa para pessoa. Alguns indivíduos podem achar que ajuda a reduzir sua ansiedade, enquanto outros podem achar que piora sua ansiedade. Além disso, os potenciais benefícios e riscos do uso de cannabis para ansiedade ainda não são bem compreendidos, por isso, é necessário mais pesquisas nessa área.
Quais são os benefícios da cannabis com a ansiedade?
O canabidiol, também conhecido como CBD, é um dos principais compostos ativos da cannabis. Ao contrário do THC, o CBD não produz efeitos psicoativos. Em vez disso, demonstrou ter vários efeitos terapêuticos potenciais, incluindo efeitos ansiolíticos, o que significa que pode reduzir a ansiedade.
Vários estudos científicos analisaram os efeitos do CBD na ansiedade. Por exemplo, um estudo publicado no Journal of Psychopharmacology em 2011 descobriu que o CBD pode reduzir a ansiedade em indivíduos com transtorno de ansiedade social. Esse estudo mostrou que aqueles que receberam CBD experimentaram uma redução significativa na ansiedade e desconforto durante um teste simulado de falar em público.
Outro estudo publicado no Journal of Clinical Psychology em 2012 descobriu que o CBD pode ser eficaz na redução da ansiedade em indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada. Aqueles que usavam CBD regularmente apresentavam níveis mais baixos de ansiedade e relataram sentir-se menos ansiosos no geral.
Em estudos com roedores, os efeitos do CBD parecem depender da dose, cepa, tempo de administração (agudo ou crônico) e via de administração. Além disso, certos alvos foram associados a essas ações farmacológicas do CBD, incluindo receptores canabinóides, o receptor 5-HT1A e fatores de neurogênese.
Os ensaios clínicos também apoiam a eficácia do CBD como ansiolítico, anti psicótico e antidepressivo, e mostram um perfil risco-benefício positivo. Esses resultados promissores apoiam estudos em larga escala sobre o uso do CBD como uma nova droga em potencial para o tratamento de transtornos psiquiátricos.
A maioria dos estudos sobre os efeitos ansiolíticos do CBD em humanos foi realizada em voluntários saudáveis ou pacientes com ansiedade secundária a outras condições, como transtornos por uso de drogas. No entanto, existem poucos estudos em pacientes diagnosticados com transtornos de ansiedade, e o pequeno número de pacientes incluídos nesses estudos dificulta as conclusões definitivas. O mesmo se aplica ao transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), onde ensaios clínicos preliminares sugerem que o CBD pode ser eficaz na redução dos sintomas, mas os pequenos tamanhos de amostra desses estudos impedem conclusões firmes.
Como usar o CBD para ansiedade?
O uso de cannabis para ansiedade é um tema que está sendo estudado por pesquisadores. Se você está pensando em usar maconha para ansiedade, é importante consultar um profissional de saúde que possa ajudar a determinar se é a escolha certa para você. Eles também podem ajudá-lo a determinar a dosagem e o método de consumo apropriados.
Em geral, recomenda-se começar com uma dose baixa de cannabis e aumentá-la gradualmente conforme necessário. Isso ajudará você a avaliar como a cannabis está afetando você e pode ajudar a prevenir quaisquer efeitos colaterais negativos.
Ao usar cannabis para ansiedade, também é importante prestar atenção à cepa de maconha que você está usando. Cepas diferentes podem ter efeitos diferentes, e algumas podem ser mais eficazes para a ansiedade do que outras.
Em geral, acredita-se que as cepas indicas sejam mais relaxantes e podem ser melhores para a ansiedade, enquanto as cepas sativas são consideradas mais energizantes e podem ser melhores para a depressão. Mas isso é no geral, pois os efeitos das flores mudam de strain para strain.
Também é importante lembrar que os efeitos da cannabis podem variar muito de pessoa para pessoa, por isso, é importante experimentar e encontrar a cepa e a dosagem corretas que funcionam melhor para você. Conforme podemos ver no gráfico a seguir, os efeitos do CBD se intensificam com a dose até certo ponto. Após exceder sua dosagem ideal, os efeitos enfraquecem, juntamente com os potenciais benefícios terapêuticos do óleo de CBD.
Os sprays e óleos são formas populares de CBD porque são fáceis de administrar. Os óleos sublinguais podem ser ingeridos colocando gotas sob a língua, onde o CBD pode ser rapidamente absorvido pela corrente sanguínea através dos vasos sanguíneos nas membranas mucosas.
Outra forma popular de consumir são os comestíveis, como as gomas de CBD. Por fim, também pode ser vaporizado ou ‘’fumado’’ a partir das flores, porém esse método pode causar pequenos danos aos pulmões, para redução de danos recomendamos a utilização de vaporizadores que esfriam a fumaça.
Um estudo de 2011 analisou os efeitos do CBD em pessoas com transtorno de ansiedade social (TAS). Os participantes receberam doses orais de 400 mg de CBD ou um placebo. O grupo que tomou CBD experimentou uma diminuição nos níveis gerais de ansiedade.
Vários estudos mostraram que o óleo CBD pode melhorar os sintomas do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), incluindo a redução de pesadelos e a frequência de memórias negativas. Nesses estudos, o CBD foi usado como complemento a outros tratamentos típicos, como terapia cognitivo-comportamental (TCC) e medicamentos.
Se você está pensando em usar o óleo CBD para ansiedade, é importante consultar seu médico primeiro para discutir se é adequado para você e determinar a dosagem apropriada. Em alguns estudos, doses de 300-600 mg de CBD foram úteis para reduzir a ansiedade durante um teste simulado de falar em público.
Outros estudos em ratos, sugeriram que doses mais baixas de 10 mg podem ser mais eficazes na redução da ansiedade do que doses mais altas de 100 mg.
Qual o melhor momento para tomar o óleo de CBD?
Não há uma hora exata do dia que seja ideal para tomar o óleo. O recomendado é tomar cerca de uma hora antes de qualquer situação que possa causar ansiedade.
Por exemplo, se você tem ansiedade social e tem uma festa para ir, pode tomar CBD cerca de uma hora antes de sair para o evento. Se você tem transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e deseja usar o óleo, pode ser útil tomá-lo pela manhã antes de começar o dia.
O CBD é considerado normalmente seguro, mas algumas pessoas podem apresentar efeitos colaterais, principalmente com dosagens muito altas, como fadiga, diarreia, alterações no apetite e alterações no peso. Ele também pode interagir com certos suplementos dietéticos ou medicamentos; por isso, é importante consultar o seu médico se estiver tomando qualquer outro medicamento.
Um estudo em camundongos mostrou que altas doses de extrato de cannabis rico em CBD podem aumentar o risco de toxicidade hepática, mas não está claro se isso se aplica a humanos que tomam doses mais baixas.
O ato de cultivar também pode ser ansiolítico?
Não há evidências científicas que sugiram que o ato de cultivar plantas tenha efeitos ansiolíticos, ou seja, que possa reduzir a ansiedade. Embora algumas pessoas possam achar que a jardinagem ou outras atividades que envolvam plantas sejam relaxantes e terapêuticas, não há evidências diretas de que essas atividades reduzem a ansiedade. Algumas pesquisas e formulários com pequenos cultivadores de cannabis chegaram à conclusão de que o ato de cultivar é um fator muito importante para o tratamento.
É importante observar que a ansiedade é uma condição de saúde mental complexa que pode ter várias causas e ser tratada de diversas formas. Algumas pessoas podem achar que atividades como jardinagem ou passar o tempo ao ar livre podem ser úteis para controlar sua ansiedade, enquanto outras podem não concordar.
O cultivo de cannabis é muitas vezes uma escolha racional para os usuários que desejam minimizar os danos associados à compra de cannabis (seja o custo, o envolvimento criminoso associado ao tráfico, a incerteza da qualidade do que está disponível no mercado), sendo também uma escolha estética e/ou ‘ideológica’ (Potter 2010a; Decorte 2010). Dessa forma, cultivar para fins médicos é importante para uma série de pessoas.
No geral, a pesquisa realizada por Potter (2016) descobriu que as cinco principais razões para cultivar canábis foram, por ordem:
- Uso pessoal e medicinal (84%)
- Prazer em cultivar (83%)
- É mais barato do que comprar (75%)
- Evitar o contato com o tráfico (72%)
- Saúde: saber a origem do que está consumindo (68%)
Então tudo isso indica que o ato de cultivar é prazeroso e que pode ser ansiolítico, pois relaxa a mente de quem cultiva e de fato gera algum prazer.
Conclusão
No geral, esses resultados sugerem que o CBD tem um perfil de risco-benefício interessante que merece ser mais explorado em grandes ensaios clínicos, incluindo estudos em pacientes de diferentes idades para garantir a segurança em crianças e idosos.
Ter mais pesquisas são necessárias para comprovar cientificamente a utilidade, segurança e eficácia do CBD para esses transtornos psiquiátricos. Espera-se que estudos duplo-cegos em andamento forneçam mais informações nos próximos anos.
Sobre o Autor:
Meu nome é Carlos Eduardo, paciente de Cannabis Medicinal e sócio fundador da Cultlight, empresa especializada em iluminação para horticultura e cultivo indoor. Pra quem já me conhece do Instagram ou do YouTube, eu sou o Cadu da Cultlight. Sou Engenheiro de Produção formado na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde pesquiso sobre de Cannabis, cultivo, produção e autoprodução, principalmente com o foco medicinal. Te convido a acompanhar nossos conteúdos nas redes sociais para ter acesso a mais dicas e conteúdos técnicos gratuitos sobre cultivo de maconha!
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